quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Adequado ao prazer


Outro dia parei em frente a uma banca de jornal e comecei a observar as manchetes das capas das revistas femininas. Duas delas me chamaram muito a atenção. Uma dizia o seguinte: "Sexo oral: saiba dar e sentir este prazer". A outra continha um artigo que falava algo sobre prazer que acompanha o sexo anal. 

Sexo oral e anal são dois temas polêmicos para muitas mulheres e, quando tratados de forma simples e quase compulsória de prazer, causam constrangimento ou revolta. 

Digo isso porque, quando discutimos com mulheres de todas as idades sobre as variações possíveis para uma relação sexual, há sempre uma reação de falta de graça ou de repugnância por parte de várias delas a respeito do sexo oral e, mais ainda, ao se falar de sexo anal. 

Sexo oral é tido como "nojento", por muitas, e o anal como "coisa para homossexuais". Mal sabem elas que cerca de 10% dos homossexuais masculinos não permitem serem penetrados por seus parceiros. Mas será que o grande problema destas duas variações do exercício da sexualidade está no nojo e na dor que possam causar? 

A região do ânus apresenta um grande número de terminações nervosas, sendo bastante sensível tanto à dor quanto ao prazer, de mulheres e do homem hetero ou homossexual. A penetração pode ser muito dolorosa e mesmo impraticável, se não houver relaxamento e lubrificação adequada da região, pois os estímulos dolorosos acabam se sobrepondo aos de prazer. 

Já o contato da boca de uma pessoa com o órgão genital da outra pode levar a um aumento de excitação, devido a estímulos que vão desde gosto e olfato até a imaginação. 

Sexo oral e anal podem ser prazerosos. Não são obrigatoriamente prazerosos nem obrigatoriamente nojentos e dolorosos. Por isto, discordo da forma como o tema às vezes é abordado pelas revistas. "É simples, experimente, você vai gostar", dizem as reportagens. Na verdade, quando o assunto é sexualidade humana não há o certo e o errado, o simples e o complicado e sim o adequado e o inadequado. 

Muitos condenam o sexo anal, argumentando que o reto contém uma musculatura com função expulsiva e a entrada do pênis, ou qualquer objeto, estaria contrariando esta função. Correto. Inclusive, eventualmente, pode ocorrer um afrouxamento progressivo da musculatura da região. 

Mas uma relação sexual envolve não apenas o biológico. O emocional, o social, o psicológico, o cultural, o religioso influem, e muito, na obtenção do prazer. Uma das funções do canal vaginal é receber o pênis, durante uma relação sexual. Então, como se explica o grande número de mulheres anatomicamente perfeitas que sentem dores durante a penetração? Também não estariam contrariando uma função? 

O ideal é que os casais descubram o que é interessante para eles. A obtenção do prazer deve ser uma preocupação dos dois. Abaixo a ditadura do experimentar tudo e ter que sentir prazer com todo e qualquer recurso. Não somos máquinas programáveis para processar dados e obedecer à risca "receitas milagrosas". Os sentimentos, as emoções, as motivações, os valores e a educação que recebemos pesam muito no nosso comportamento e na forma como exercemos nossa sexualidade. 

Depende muito do casal a disposição para a relação oral ou anal. Se há repugnância, aflição ou medo, o melhor é conversar e procurar outros jogos sexuais. Se não há impedimentos, porque não praticar? De qualquer forma, a decisão cabe aos dois e o diálogo, a compreensão - como sempre - são fundamentais. No caso de ejaculação dentro dos diferentes canais, o uso da camisinha é essencial contra a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis e Aids. 


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