domingo, 24 de outubro de 2010

Resposta Sexual Masculina e Feminina - Parte I

         Modelo de Resposta Sexual – Masters e Johnson
        
       Os estudos populacionais desses pesquisadores revelaram que as mais diferentes práticas sexuais ocorriam entre os americanos e envolviam, de forma ampla  e irrestrita, os corpos de ambos os parceiros, concentrando-se nos genitais somente para a finalização do ato. Uma vez reconhecido a multiplicidade dessas manifestações sexuais, critérios foram pouco a pouco sendo estabelecidos, de modo a definir o que seria patológico e o que não, dando origem às primeiras classificações dos transtornos da sexualidade1.
       Em 1966 um casal de terapeutas americanos, Masters e Johnson desenvolveram um modelo de resposta sexual constituído por quatro fases: excitação, platô, orgasmo e resolução, que é comum aos dois gêneros (feminino e masculino)2.
         As quatro fases podem ser definidas como2:
        Primeira fase – Excitação
        Esta fase é caracterizada pelo ímpeto das sensações eróticas e pela obtenção de ereção no homem, e da lubrificação vaginal, na mulher. As manifestações de tensão sexual incluem também uma reação corporal generalizada da congestão dos vasos.
        No homem, a fase de excitação caracteriza-se pela ereção do pênis, o escroto se dilata, a bolsa escrotal torna-se mais lisa e maior, os testículos começam a se elevar porque os cordões espermáticos ficam mais curtos.
        Na mulher, esta fase também é caracterizada pela congestão dos vasos tanto genitais locais quanto da pele em geral e pela resposta na pele das mulheres (rubor) é quase sempre mais pronunciada e, além disto, durante a excitação, os seios começam a se intumescer, ficando os mamilos eretos.
        Segunda fase – Platô
        A fase de platô de Masters e Johnson é o estado mais avançado da excitação que ocorre antes do orgasmo. Durante o platô, a resposta vaso congestiva local do órgão sexual primário se encontra no auge, em ambos os sexos. No homem, o pênis está distendido e cheio de sangue até o limite de sua capacidade. A ereção é firme e o falo está retesado até o máximo do seu tamanho. Os testículos se tornam cinqüenta por cento maior do que seu tamanho normal pois são ingurgitados com sangue.
        As transformações fisiológicas que ocorrem durante esta fase nas mulheres também podem ser atribuídas, em grande medida, à vasocongestão. Esta vasocongestão local atinge, igualmente, os seus limites extremos nesta fase e é a responsável pelas transformações mais características que ocorrem os órgãos sexuais primários. Estas transformações foram descritas por Masters e Johnson como intumescência e coloração dos lábios menores, isto é, a “pele do sexo”, variando de vermelho vivo a bordô e a formação de uma placa espessa de tecido congestionado circundando a entrada e a parte inferior pela vagina, fenômeno que Masters e Johnson se referem como “plataforma orgásmica”.
        Terceira fase – Orgasmo
        Durante o orgasmo que é considerado o prazer mais intenso das sensações sexuais, no homem o sêmem jorra do pênis ereto, em três a sete ejaculações, a intervalos de 0,8 de segundo. Masters e Johnson descreveram os componentes duais do orgasmo masculino: o primeiro consiste nas contrações dos órgãos internos e assinala uma sensação de “inevitabilidade ejaculatória”. As contrações rítmicas da uretra do pênis, dos músculos da raiz do falo e dos músculos perineais, que se seguem imediatamente após, constituem o segundo componente e são experimentadas como o próprio orgasmo. Depois do orgasmo, o homem é refratário á excitação sexual; mas especificamente um certo espaço de tempo – o período refratário deve transcorrer antes que ele possa ejacular novamente.
        Independente da  maneira de excitação, o orgasmo feminino consiste também sempre em 0,8 segundos de contrações rítmicas reflexas dos músculos circunvaginais, do períneo e dos tecidos inflamados da “plataforma orgásmica”. A mulher nunca é fisicamente refratária ao orgasmo; se ela não tiver inibição, segundo após ela ter conseguido o orgasmo e enquanto ainda está em fase do platô, pode ser de novo excitada para o outro, sucessivamente, até que esteja fisicamente exausta e não queira mais ser estimulada.
        Quarta fase – Resolução
        Durante a resolução, que é a fase final do ciclo de resposta sexual, as respostas fisiológicas locais especificamente sexuais cessam e todo o corpo volta ao seu estado normal. As respostas somáticas generalizadas aos estímulos sexuais diminuem rapidamente. As pulsações, a pressão arterial, a respiração, a vascularidade da pele que aumentaram de intensidade em virtude do esforço para o coito, voltam ao estado normal minutos após o orgasmo.
        No homem os testículos se detumescem e descem imediatamente à posição habitual, enquanto o pênis volta, vagarosamente ao estado flácido urinário. Com exceção dos que são muito jovens e que após uma ejaculação podem ejacular uma segunda vez, sem perder a ereção, o pênis se detumesce em dois períodos; no primeiro logo após o orgasmo, o pênis é reduzido a aproximadamente metade do seu tamanho quando no auge da ereção, talvez  porque os corpos cavernosos se esvaziam de sangue; e dentro de meia hora, depois que o corpo esponjoso e a glande, que respondem mais lentamente, também se esvaziaram, o aumento no tamanho diminui por completo. Nos homens de mais idade, a involução do pênis após o coito se faz mais rapidamente, quase sempre dentro de minutos.
        Na mulher, o clitóris volta à posição normal dentro de 5 a 10 segundos após o orgasmo. Há rapidamente detumescência da plataforma orgásmica. Masters e Johnson declaram que podem decorrer de 10 a 15 minutos para a vagina volte ao seu descorado estado de repouso e de relaxamento. O osso cervical continua a “bocejar” durante 20 a 30 minutos depois do orgasmo e durante este tempo o útero já completou o descenso à bacia e o colo do útero também desce a bacia seminal. A “pele do sexo” dos lábios menores perde a coloração intensa dentro de 10 a 15 segundo depois da contração orgásmica, presumivelmente enquanto o sangue vai-se escoando da área genital.
        Na grande maioria dos homens estudados por Masters e Johnson ocorreram variação de um padrão previsível. Em contra partida, esses pesquisadores encontraram variação muito maior entre as mulheres com relação a experiência sexual. Em algumas, a seqüência das fases foi semelhante ao observado nos homens já em outras, houve um discreto orgasmo e em outras, orgasmos múltiplos durante uma relação sexual3.
  A fase de desejo (definindo este como um interesse na atividade sexual que antecede a real excitação sexual)  só foi descrita por Helen Singer Kaplan em 1977,  corresponderia à vontade de estabelecer uma relação sexual, a partir de algum estímulo sensorial (audição, visão, olfato etc.), assim como pela memória de vivências eróticas e de fantasias. O novo esquema considerava o ciclo de resposta sexual, então, composto pelas fases de desejo, excitação, orgasmo e  resolução3,4,5.    

Referências:
1.       Abdo CHN, Fleury HJ. Aspectos diagnósticos das disfunções sexuais femininas. 2006;33,3; 162-167.
2.      Kaplan HS. A Nova Terapia do Sexo. Tradução de Osvaldo Barreto e Silva. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1977.
3.     Meston C.M. et al. Women’s orgasm. 2004:15;173-257.
4.  Abdo CHN. Sexualidade humana e seus transtornos. 2a.ed. São Paulo: Lemos; 2000. p.31-2.
5.  Verit FF, Yeni E, Kafali H. Progress in female sexual dysfunction. Urol Int. 2006; 6(1):1-10.
        



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