segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Sexualidade Feminina - Disfunção Sexual Feminina

       A sexualidade feminina possui características próprias que a diferenciam da masculina, tanto no aspecto morfológico, quanto no cultural e sociológico, entre outros1.
A função da sexualidade feminina, na cultura ocidental, durante séculos, esteve voltada a procriação.   Com as descobertas científicas, as mudanças econômicas, religiosas e sociais, houve uma mudança de comportamento tanto em homens, como em mulheres, ocasionando assim, o reconhecimento de uma sexualidade feminina em constante transformação, seja enquanto relacionamento (homo ou heterossexual), manifestação (masturbação, sexo oral, sexo anal), prazer (tipo orgasmo, ponto G) e finalidade (satisfação, procriação)1.
Uma disfunção sexual caracteriza-se por uma perturbação nos processos que caracterizam o ciclo de resposta sexual ou por dor associada com o intercurso sexual. O ciclo de resposta sexual pode ser dividido nas seguintes fases2:
Desejo: esta fase consiste de fantasias acerca da atividade sexual e desejo de ter atividade sexual.
Excitação: consiste de um sentimento subjetivo do prazer sexual e alterações fisiológicas concomitantes. As principais alterações na mulher consistem de vasocongestão pélvica, lubrificação e expansão vaginal e turgescência da genitália externa.
Orgasmo: esta fase consiste de um clímax de prazer sexual, com liberação da tensão sexual e contração rítmica dos músculos do períneo e órgãos reprodutores.
No homem, existe uma sensação de inevitabilidade ejaculatória, seguida de ejaculação de sêmen. Na mulher, ocorrem contrações (nem sempre experimentados subjetivamente como tais) da parede do terço inferior da vagina. Em ambos os gêneros, o esfíncter anal contrai-se ritmicamente.
Resolução: consiste de uma sensação de relaxamentos muscular e bem estar geral. Durante esta fase as mulheres podem ser capazes de responder a uma estimulação adicional quase que imediatamente. Em contrapartida, os homens são fisiologicamente refratários a outra ereção e orgasmo por um período variável de tempo.

Características das disfunções sexuais femininas2:
302.71 – Transtorno de Desejo Sexual Hipoativo: a característica essencial do Transtorno de Desejo Sexual Hipoativo é uma deficiência ou ausência de fantasias sexuais e desejo de ter atividade sexual. A perturbação deve causar acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal.
302.73 - Transtorno Orgásmico Feminino (anteriormente Orgasmo Feminino Inibido): a característica essencial do Transtorno Orgásmico Feminino é um atraso, ou ausência persistente ou recorrente de orgasmo, após uma fase normal de excitação sexual.
302.76 – Dispareunia: A característica essencial da Dispareunia é dor genital associada com o intercurso sexual. Embora a dor seja experimentada com maior freqüência durante o coito, ela também pode ocorrer antes ou após o intercurso.
        306.51 – Vaginismo: a característica essencial do vaginismo é a contração involuntária, recorrente ou persistente, dos músculos do períneo adjacentes ao terço inferior da vagina, quando é tentada a penetração vaginal com pênis, dedo, tampão ou especulo.

Critérios de diagnóstico das disfunções sexuais2:
        Transtorno do Desejo Hipoativo: deficiência (ou ausência) persistente ou recorrente de fantasias ou desejo de ter atividade sexual. O julgamento de deficiência ou ausência é feito pelo clínico, levando em consideração fatores que afetam o funcionamento sexual, tais como idade e contexto de vida do indivíduo.
           
Transtorno Orgásmico Feminino: atraso ou ausência persistente ou recorrente de orgasmo após uma fase normal de excitação sexual. As mulheres apresentam uma ampla variabilidade no tipo ou na intensidade da estimulação que leva ao orgasmo. O diagnóstico de Transtorno Orgásmico Feminino deve fundamentar-se no julgamento de que a capacidade orgásmica da mulher é menor do que seria esperada para sua idade, experiência sexual e adequação da estimulação sexual que recebe. 
A disfunção orgásmica não se deve exclusivamente aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por ex., droga de abuso, medicamento) ou de uma condição médica geral. 
Dispareunia: dor genital recorrente ou persistente associada com o intercurso sexual em mulheres. A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal.
A perturbação não é causada exclusivamente por Vaginismo ou falta de lubrificação, nem se deve exclusivamente aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por ex., droga de abuso, medicamento) ou de uma condição médica geral
Vaginismo: espasmo involuntário, recorrente ou persistente da musculatura do terço inferior da vagina, que interfere no intercurso sexual.

Tratamentos
No tratamento das disfunções sexuais femininas, algumas premissas  básica devem ser utilizadas1:
·       não existe cônjuge não comprometido da parceira que exibe uma inadequação sexual. A terapia é do casal;
·       a abordagem terapêutica deve ser multidisciplinar (ginecologista, urologista e psicoterapeuta);
·       a equipe de terapia deve funcionar como catalisador para a comunicação de descrição da base psicossocial das disfunções;
·       deve-se reconhecer o temor da paciente em relação a seu desempenho sexual e a seus preconceitos, tabus e princípios morais;
·       deve-se corrigir conceitos errôneos a respeito da anatomia e da fisiologia;
·       estimular uma atitude de auto-observação, orientando a paciente a se auto-examinar e a se tocar;
·       exploração dos genitais, exercícios específicos (com auxilio dos dedos ou de moldes ou de dilatadores vaginais), relaxamento e posicionamento;
·       apoio;
Outro tratamento para disfunções sexuais podem ser1:
Psicoterapia
 A sintomatologia ou queixa é abordada no conjunto das vivências psíquicas e é vista como uma manifestação psicológica. A partir disso a paciente passa a perceber que a questão sexual está relacionada a outras questões de sua vida e que provavelmente sua queixa está diretamente ligada à forma que ela tem de resolver determinados problemas. Cada mulher deve trabalhar em sua individualidade, apesar de tratamento poder ser individual ou grupal.
Terapia cognitivo-comportamental
A paciente, em entrevista estruturada, é orientada e submetida às técnicas indicadas, e as mais comuns:
Para disfunção orgásmica: exercícios sexuais progressivos com um parceiro, ou um vibrador, visando ao relaxamento e integração das sensações sexuais até culminar no orgasmo.
Para dispareunia: utilização de exercícios de relaxamento e exercícios sexuais com um vibrador e/ou companheiro.
Para vaginismo: proporcionar à paciente relaxamento suficiente para explorar sua genitália e aos poucos inserir seu dedo na vagina e depois permitir que seu companheiro faça o mesmo. O uso de dilatadores vaginais também é indicado.

Referências:

1. Abdo CHN. Sexualidade Humana e seus transtornos. 2ª ed rev amp. São Paulo: Lemos Editorial; 2001.
2. Associação Psiquiátrica Americana (APA)-DSM-IV.Porto Alegre: Artes Médicas; 1995.

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