quarta-feira, 27 de junho de 2012

Alergia à camisinha de látex: o que fazer?


      Apesar de não ser muito comum, existem sim homens e mulheres alérgicos à camisinha de látex. E muitos deles só descobrem o problema depois de terem contato com o material, proveniente da planta Hevea brasiliensis.
      De acordo com Dra. Fátima Rodrigues Fernandes, alergista e presidente da Regional São Paulo da Asbai - Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia, a alergia ao látexcomeçou na década de 80. "Para evitar e contaminação e a proliferação de doenças sexualmente transmissíveis, os hospitais passaram fazer uso indiscriminado de materiais à base do produto", explica.
      A especialista conta que há dois tipos de alergias: a tipo 4 - dermatite de contato - e a tipo 1, de reação imediata. "A primeira é mais localizada e causa desconfortos como vermelhidão, coceira e até pequenas feridas na região da vagina ou do pênis. Já a de tipo 1 é mais grave e pode provocar rinite, asma e até choque anafilático", explica. "A irritação pode ocorrer em cinco minutos após o contato com o produto do látex. E as erupções cutâneas após 60 minutos", completa Dr. Bento, ginecologista e obstetra dos Hospitais Albert Einstein e São Luís.
      Dr. Bento lembra ainda que pessoas que têm contato constante com o látex podem apresentar algum tipo de sensibilidade. "Profissionais da área de saúde, pacientes que passam por vários procedimentos cirúrgicos ou diagnósticos invasivos com materiais contendo látex, trabalhadores do setor, esportistas e artistas que usam materiais com este componente formam o grupo de risco".
      Para identificar o problema, Dra. Fátima orienta que a pessoa procure um médico para fazer o diagnóstico. "Caso seja uma dermatite de contato, basta agendar uma consulta para saber do que se trata a irritação. Mas se aparecerem os sintomas do tipo 1, é preciso procurar um médico imediatamente."
      Em casos relacionados ao tipo 4, o teste é simples: o especialista aplica o produto em uma parte da pele da pessoa e deixa por um determinado período para ver se causa reação. "Já no tipo 1 é necessário identificar a dosagem de IgE (anticorpo) no paciente por meio de um exame de sangue.
      Outra forma é fazendo teste cutâneo. O médico pinga uma gota de extrato de látex na pele para ver se há reação", comenta Dra. Fátima. "Por meio de uma imunoterapia é possível promover o aumento da tolerância ao produto que causa alergia", lembra.
      Curiosamente, quem tem alergia às proteínas do látex pode apresentar reação cruzada com alguns grupos alimentares. "Ou seja, os alérgicos devem evitar ingerir banana, amendoim, abacate, maracujá, mamão, kiwi, melão e manga. Cerca de 30% das pessoas sensíveis ao látex apresentam este problema", explica Dra. Fátima.
      Como alternativa, os dois profissionais recomendam as camisinhas de poliuretano. "A eficácia é a mesma do produto de látex, desde que utilizado da forma correta", alerta Dr. Bento. Logo, a pessoa alérgica deve evitar também as camisinhas com aromas e pigmentos, que podem causar irritações e são feitas de látex. "Outra opção seria o uso do preservativo feminino, que é uma bolsa de poliuretano de 17 centímetros que se ajusta na vagina. É um método contraceptivo que pode também proteger contra várias doenças sexualmente transmissíveis", acrescenta o ginecologista.
      Para Dr. José Bento, o grande problema é que as pessoas alérgicas ao látex sentem certa dificuldade para encontrar camisinhas de poliuretano. "Pelas minhas pesquisas, o produto não foi encontrado em farmácias e redes de drogarias, somente em algumas ‘sex shops’, o que é um fator limitante. Os gerentes das drogarias e da maioria das lojas consultadas desconheciam o produto", contou, afirmando que uma unidade deste tipo de preservativo corresponde ao valor de 20 das de látex.

Fonte:

domingo, 10 de junho de 2012

Ansiedade, depressão e característica de personalidade em homens com Disfunção Sexual


O desempenho sexual é um dos aspectos com importante contribuição para o bem-estar psicológico do ser humano. Isto é, a questão de como o ser humano mantém relações sexuais faz com que a sexualidade seja um importante pólo estruturante da identidade e da personalidade. Ao final da década de 90, o surgimento de fármacos como o Viagra (citrato de sildenafil) promoveu uma importante mudança nas formas culturais de se conceber a sexualidade masculina (Paranhos, 2007).
Ainda assim, a sexualidade pode ser tanto fonte de prazer, quanto de frustração, afetando diferentes âmbitos da vida dos indivíduos. Desta maneira, as disfunções sexuais são um grande inimigo da saúde, situações identificadas tanto em âmbito mundial quanto no Brasil, devido à sua alta prevalência. No Brasil, Abdo (2004), em uma pesquisa com amostra de 7022 pessoas, sendo 3775 do sexo masculino, assinala que 48,1% dos homens referiram ter algum tipo de disfunção sexual, como disfunção erétil ou ejaculação precoce. Em grande parte desses casos, o indivíduo não apresenta problemas orgânicos, ou seja, a disfunção sexual é de origem emocional, ou psicológica (Grassi, 2004).
Levando em consideração o impacto das disfunções sexuais masculinas, verifica-se a importância de conhecer as características psicológicas dos casos a fim de se desenvolver técnicas de intervenção apropriadas.
Quando a atividade sexual não se desenvolve a contento, fala-se em disfunção sexual, que resulta de perturbação em uma ou mais das fases do ciclo de resposta sexual (Abdo, 2007). Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM IV TR, 2002), uma disfunção sexual (ou Transtorno Sexual) é caracterizada por uma perturbação nos processos que formam o ciclo de resposta sexual – formado por Desejo, Excitação, Orgasmo e Resolução - ou por dor associada à prática sexual. As disfunções sexuais masculinas descritas que serão estudadas nesta pesquisa são a Disfunção Erétil e a Ejaculação Precoce.
No Brasil, Abdo (2004), em uma pesquisa com amostra de 7022 pessoas, sendo 3775 do sexo masculino, assinala que 48,1% dos homens referiram ter algum tipo de disfunção sexual, como disfunção erétil ou ejaculação precoce. Apesar de este número já não ser pequeno, sabe-se que pode ser maior ainda, pois falar de problemas sexuais ainda é um tabu para muitos, ainda mais em uma sociedade onde ainda existem ideais de machismo (Cavalcanti, 2006).
Neste trabalho, foram abordadas as situações específicas de ejaculação precoce e disfunção erétil.
Atualmente, entende-se por ejaculação precoce aquela que ocorre sem que o paciente deseje. Apesar de ser uma definição imperfeita, pois a capacidade de inibir voluntariamente a ejaculação é variável em indivíduos normais e depende de fatores como cansaço, estresse, ansiedade, etc, essa é a mais utilizada e adotada por especialistas. A EP é um problema que afeta entre 22% e 38% dos homens em alguma fase da vida (Glina, 2002).
Classifica-se a EP de acordo com a cronologia do seu aparecimento, em Primária e Secundária. A EP Primária ocorre quando o indivíduo teve esse tipo de sintoma (ejaculação rápida) desde o início de sua vida sexual; enquanto a EP Secundária é aquela que ocorre somente em determinada fase da vida do homem (Cavalcanti, 2006).
O paciente com EP possui alto nível de ansiedade e pode vir a ter disfunção erétil (França, 2001). Os números encontrados no Estudo da Vida Sexual do Brasileiro (Abdo, 2004) não são pequenos: 25,8% dos homens pesquisados referiram a presença de Ejaculação Precoce. Desta maneira, nota-se que este é um dos problemas que mais afetam a sexualidade masculina, juntamente com a Disfunção Erétil.
Entende-se por disfunção erétil a incapacidade de se obter ou manter uma ereção adequada para a prática da relação sexual. É uma questão de saúde mundial que afeta quase metade dos homens acima de 40 anos e, embora não seja uma ameaça a vida, não deve ser considerada uma desordem benigna, já que pode afetar negativamente o relacionamento interpessoal e comprometer a qualidade de vida do indivíduo. Assim, a relação sexual deixa de ser uma experiência agradável e passa a causar ansiedade (Paranhos, 2007).
A disfunção erétil de origem psicológica é a mais prevalente em homens jovens e corresponde a aproximadamente 10% dos casos em pacientes com mais de 50 anos (Avatshi et al, 1994). Conforme Iankowski (2003), complicações emocionais como o stress, a depressão, a ansiedade, problemas financeiros, familiares e de relacionamento, podem atrapalhar o desempenho sexual. A ereção é uma manifestação do desejo do homem, sendo resultante de fatores fisiológicos (orgânicos) e psicológicos (emocionais) que desencadeiam seu funcionamento.
A disfunção erétil tem um papel importante como marcador preditivo e evolutivo de condições que ameaçam a vida, tanto de ordem emocional (como a depressão), quanto física (diabetes, hipertensão, cardiopatias). No que diz respeito a pesquisas internacionais, Johannes (2000), em um estudo que pesquisou 1.290 americanos, entre 40 e 70 anos, na região de Massachusetts, encontrou 52% de prevalência para diferentes graus de DE. Na América Latina, o estudo de Morillo (2002) realizado na Colômbia, no Equador e na Venezuela, apontou índice de 53,4% de DE nos participantes dos três países em conjunto.
Para França (2001), a liberdade sexual vivida desde o fim do século passado é tamanha que acabou construindo obstáculos imaginários nas interações heterossexuais, dentre os quais se destaca a necessidade, sentida pelo homem, de ter que dar provas de sua virilidade, desde os primeiros encontros com a mulher, fatores que podem facilmente gerar ansiedade. Neste sentido, Althof et al. (2005) colocam que a ansiedade esteve ligada à compreensão das disfunções sexuais desde os primeiros estudos, tornando-se o foco principal do tratamento psicológico de homens apresentando esta dificuldade. Ainda atualmente, a ansiedade é identificada como um importante estado subjetivo de homens com disfunção sexual e também como um fator de manutenção destas dificuldades.
Rodrigues JR (2008), em uma amostra de 75 sujeitos atendidos em clínica de psicologia em sexualidade (54 homens e 21 mulheres), aplicou o Inventário Beck de Ansiedade (BAI), com o objetivo de avaliar o nível de ansiedade desses indivíduos. Os resultados revelaram que 81,5% dos homens estão entre "Mínimo e Leve", enquanto para as mulheres, esses mesmos graus correspondem a 66,7%. Quanto à média dos escores, os homens com disfunção erétil apresentaram 13,80 (DP=10,60), enquanto os portadores de ejaculação rápida fizeram 12,95 (DP=7,81). Observa-se, portanto, que a grande maioria não apresentou altos escores.
Já, em outra pesquisa nacional, Estudo da Vida Sexual do Brasileiro, de Abdo (2004), 6,4% dos portadores de DE apresentaram ansiedade, enquanto 3,8% dos homens sem DE tiveram o mesmo sintoma. Ou seja, o índice de ansiedade foi quase o dobro em homens com DE, em comparação aos homens sem disfunção sexual.
Ainda que a ansiedade esteja presente na maioria dos casos, Althof et al. (2005) alertam que a correlação entre ansiedade e disfunção erétil, não é claramente indicativa que a disfunção foi causada pela ansiedade per se. Isto significa que ainda é necessária uma maior compreensão da associação entre estados afetivos como depressão e ansiedade, e as disfunções sexuais.
Seja qual for a sua etiologia, a depressão está presente em toda disfunção sexual. Desde o início, como origem ou fator desencadeante, ela pode caracterizar os mais diferentes quadros disfuncionais masculinos, como a disfunção erétil psicogênica. Já a disfunção sexual de base orgânica não escapa ao comprometimento psíquico secundário, sendo agravada pela depressão que se impõe. Assim, a depressão é um importante fator de risco para a disfunção sexual, causando sintomas como desinteresse, apatia, sensação de fadiga, entre outros que comprometem o desejo sexual. Por outro lado, o desempenho sexual insatisfatório pode agravar a depressão e gerar conflitos relacionais. Pode-se dizer que a depressão aumenta o risco para DE e vice-versa (Abdo, 2007).
Em um estudo de Meyer (1997) com 180 homens em Porto Alegre - RS, foi aplicado o MMPI (Inventário Multifásico Minnesota de Personalidade). Concluiu-se que tanto sujeitos com DE devido ou com EP apresentam mais indícios de depressão que sujeitos sem disfunção sexual. Já Rodrigues JR (2008) pesquisou 176 sujeitos com queixas sexuais, sendo 140 homens, utilizando o Inventário de Depressão de Beck (BDI). Para os graus de depressão, segundo a amostra, os resultados revelaram que 83,5% dos homens estão entre "Mínimo e Leve", enquanto para as mulheres, esses mesmos graus correspondem a 75%. Quanto à média dos escores, os homens com disfunção erétil apresentaram 13,52 (DP=8,28), enquanto os portadores de ejaculação rápida fizeram 12,35 (DP=7,89).
Da mesma forma, no Estudo da Vida Sexual do Brasileiro, a correlação dos sintomas de depressão foi de 8,9% dos homens com DE para 5,4% dos participantes sem DE (Abdo, 2004). Observa-se, portanto, que a incidência de sintomas ansiosos e depressivos é significativa em indivíduos com disfunção sexual.
Além dos estados emocionais citados, deve-se ressaltar que a seqüência causal entre qualidade de vida e saúde sexual não é linear e unifatorial, pois também temos que levar em conta a personalidade do indivíduo, sua singular maneira de ser que determina um eixo único e pessoal de valoração motivacional dos diferentes fatos vitais. Assim, a personalidade pode ser tanto um fator causal quanto de cronificação de um problema sexual, além de relacionar-se à dificuldade do paciente em tratar-se (Felício, 2002).
Nos últimos anos, surgiram pesquisas sobre as disfunções sexuais que buscam indicar que traços de funcionamento individual estariam relacionados à falha da função sexual. Eysenck (apud Felicio, 2002), utilizando seu Inventário de Personalidade, buscou observar se há conexão entre traços de personalidade, experiência sexual e comportamento. Os resultados encontrados foram que existe relação entre neuroticismo, psicoticismo, extroversão e sexualidade. Já no Brasil, Felício (2002) investigou a personalidade de 18 homens com Disfunção Erétil (DE) e 18 homens com Ejaculação Precoce (EP), não conseguindo verificar diferenças psicométricas significativas entre os pacientes de DE e EP. Os resultados indicaram que estes homens lidam com demandas mentais excessivas quanto ao desempenho, ordem e persistência, e que isto tende a levá-los a um depressivo desamparo, caracterizando uma masculinidade pouco assertiva. O funcionamento psicodinâmico dos DE tende a ser mais homogêneo enquanto grupo do que o funcionamento dos EP. Por fim, os DE são mais introvertidos e conversivos, e os EP mais fóbicos.
Em outro estudo nacional, Oliveira (2003) buscou aferir se existe um perfil psicopatológico relacionado à ejaculação precoce primária e se os mesmos têm maior prevalência de sintomas ansiosos e depressivos do que a população geral. As principais conclusões foram as seguintes: foi evidenciada associação significativa entre ansiedade e Ejaculação Precoce Primária, bem como entre depressão e Ejaculação Precoce Primária; o grupo de pacientes com diagnóstico exclusivo de Ejaculação Precoce Primária apresenta perfil de personalidade compatível com o conceito de neuroticismo de Eysenck, o mesmo não ocorrendo com o grupo controle.

Fonte:

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Normalidade em Sexualidade


      A expressão da sexualidade humana é variável entre as diferentes sociedades, como são variáveis suas culturas e religiões. O que é normal para um povo pode ser criminoso para outro. Uma mesma comunidade pode ter vários padrões de sexualidade.
      Quando é referido um distúrbio sexual, a primeira idéia que vem à mente é o que é “normal” ou “anormal” em relação ao sexo. Querer definir o que é normal é querer impor certas regras ao sexo. De fato, existe uma regra: o sexo deve ser um elo completamente satisfatório entre duas pessoas que se amam, do qual ambos emergem despreocupados, gratificados e preparados para mais.
      O sexo, devido a razões inerentes à espécie humana, promove uma ansiedade  muito superior  à  que é  provocada por qualquer outra diferença de gostos e de necessidades. O que é normal para um casal pode não ser para outro; o que é bom para um indivíduo pode ser aberração para outro. Dentro desse contexto, coloque-se a freqüência das relações sexuais, os hábitos e fantasias dos indivíduos e dos casais, a homossexualidade, a fidelidade conjugal e as práticas anticonceptivas.
      Deve-se considerar normal todo o comportamento sexual que: dá satisfação a ambos os parceiros, não prejudica ninguém, não se associa a fatores de ansiedade e não restringe a expansão da personalidade.
      Freqüentemente, as pessoas perguntam ao profissional de saúde se tal comportamento sexual é normal ou patológico. A desinformação de grande parte desses profissionais acerca da sexualidade humana e a facilidade com que propagam conceitos próprios são capazes de gerar muito mais ansiedade que a desordem inicial.


      Fonte:
http://www.hcpa.ufrgs.br/downloads/RevistaCientifica/2006/2006_26_2.pdf#page=61