Das diversas queixas em consultório, a
mais comum são mulheres que não possuem vontade de fazer sexo.
Isso fica latente quando elas estão em
um relacionamento sério: namoro, noivado e até casamento de anos.
Mas por que isso ocorre?
Será que a mulher não tem desejo
sexual mesmo, ou será que esse desejo não é e nem pode ser desenvolvido,
experimentado?
Passamos do papel de filha para o
papel de esposa quando casamos, e não exercemos o papel de mulher. Papel de
mulher é o momento que podemos cuidar de nós mesmas, amadurecer nossas vontades
e conseguir definir o que é meu, de minha vontade e o que é de vontade do
outro. Neste momento, colocamos em ordem um pouco da nossa vida, de nossos
desejos e podemos experimentar o que a vida oferece e viver nossa
intimidade.
Difícil isso?
Sim, muito difícil!
Somos, a todo momento cobradas de
tudo. De nosso corpo estar perfeito, de que precisamos casar antes dos 25 anos
e se passarmos disso estamos ficando velhas, até porque o primeiro filho tem
que vir antes dos 30 anos. Somos sempre cobradas de nossos comportamentos e atitudes.
Temos que dar conta de sermos ótimas profissionais,
de cuidar de tudo dentro de casa.
Temos que dar conta de tudo, de tudo
mesmo. Isso sem falar do sexo.
Sexo?
Mas em que momento nos foi falado sobre
a sexualidade, sobre sexo?
Aprendemos desde pequenas a cuidar da
casa, pois isso é coisa de mulher.
Aprendemos a cuidar dos irmãos mais
novos, pois isso é coisa de mulher.
Aprendemos a cuidar do outro, para
saber cuidar do marido, pois isso é coisa de mulher.
Aprendemos a cuidar da nossa
sexualidade?
Não!
Esqueceram de nos ensinar sobre isso, e o que dá a entender é que quando saímos do papel de filha, apertamos um botão e ao começar o papel de esposa nossa sexualidade está pronta.
Não!
Esqueceram de nos ensinar sobre isso, e o que dá a entender é que quando saímos do papel de filha, apertamos um botão e ao começar o papel de esposa nossa sexualidade está pronta.
Acredito que esse é um dos fatores que
faz com que a mulher não tenha desejo, ou pouco desejo pelo companheiro, pois
em que momento nos fora permitido que sentíssemos desejo sexual pelo outro?
Nós aprendemos várias tarefas, desde a
infância, (cuidar da casa, dos filhos e marido) e nos apossamos dela, dizendo
que isso é papel de mulher.
Os companheiros não questionam sobre a
melhora no relacionamento em dividir as tarefas de casa.
Se pararmos para pensar, dividir as
tarefas domésticas resta mais tempo para o casal viver sua intimidade, além da
melhora na disposição, principalmente da mulher.
Mas será que as mulheres permitem essa
divisão, ou preferem se esconder atrás desta desculpa de responsabilidades
domésticas e fadigas?
Importante pensar, se, a mulher não
está tendo desejo, o que este companheiro tem feito para ajudá-la?
Mas como dialogar, se nós mulheres
aprendemos a escutar e acatar o que o outro propõe, a submissão?
Percebo a necessidade, aliás uma grande
necessidade do diálogo entre os casais. Isso, não depois do casamento, mas no
início do relacionamento, pois o casamento já vem com as responsabilidades divididas,
estabelecidas e parecem não serem flexíveis.
Dialogar sobre as necessidades do
casal, no que diz respeito à vida a dois: finanças, vontades, sonhos, metas de
vida e principalmente sobre suas intimidades e sexualidade.
Divida seus medos, angústias com seu
companheiro e ouça-o. Busquem ajuda a dois.
Sexualidade feminina é um tema que não
deve ser falado, mas sim explorado e vivido intensamente.
Permita-se ser filha, mulher, esposa,
e feliz!
A suas necessidades dependem das suas
mudanças!