terça-feira, 2 de novembro de 2010

Modelo Circular da Resposta Sexual Feminina: Basson - Parte II

     


    O paradigma criado por Masters e Johnson e Kaplan foi aceito por muitos anos como representante da resposta sexual tanto nos homens como nas mulheres. Recentemente, uma das principais especialistas em saúde sexual da mulher (Rosemary Basson) tem defendido um novo modelo de função sexual feminina que sublinha a interdependência das relações e dos  fatores da função sexual em mulheres. Neste novo modelo, a sexualidade e a função sexual em mulheres segue uma trajetória circular em que estímulos emocionais e de relacionamento são questões que desempenham um papel fundamental e o desejo sexual intrínseco desempenha um papel muito menor1.
     Este modelo foi confirmado no II Encontro Internacional para levantamento de Consensos relativos às desordens sexuais, caracterizando o ciclo de resposta sexual feminina por cinco fases (Basson et al., 2004) assim esquematizadas2:
1ª. Fase: Início da atividade sexual com motivação não necessariamente sexual, podendo não haver consciência de desejo sexual.
2ª. Fase: Receptividade ao estímulo sexual em contexto adequado, identificação da excitação sexual potencial (excitação subjetiva e resposta física), desencadeando a responsividade biológica.
3ª. Fase: Vivência da excitação subjetiva, que também pode desencadear a consciência de desejo sexual.
4ª. Fase: Aumento na intensidade da excitação e do desejo responsivo, podendo ou não ocorrer o alívio orgástico.
5ª. Fase: Satisfação física e emocional, aumentando a receptividade para iniciar a atividade sexual na próxima vez, o que fecha, portanto, um modelo circular. Havendo insatisfação física ou emocional, diminui a motivação para ser ativa sexualmente no futuro.Observou-se que o desejo inato ou espontâneo, experimentado anteriormente ao início da estimulação, pode algumas vezes estar presente, desencadeando o ciclo da resposta sexual e substituindo as duas primeiras fases. Caracteriza-se, neste caso, uma combinação com o modelo tradicional. Estabeleceu-se a ressalva de que a ausência do desejo espontâneo não caracteriza uma disfunção sexual.
     Esse modelo embasa o Índice da Função Sexual Feminina – FSFI (Rosen et al., 2000), um questionário breve que avalia seis domínios: desejo, excitação subjetiva, lubrificação, orgasmo, satisfação e dor. Permite avaliar a intensidade relativa da disfunção em cada um desses domínios.

Fonte:

1. Tom F. Lue; Shindel, Alan. Male Sexual Function and Dysfunction:A guide for men and their partners (Internet). Version 43. Knol. 2008 Nov 12. Available from: http://knol.google.com/k/tom-f-lue/male-sexual-function-and-dysfunction/O879r3Nx/qdC4CQ.

2. Fleury, H. J. Estudo comparativo entre dois modelos de intervenção sobre as manifestações da sexualidade na perimenopausa: modelo fitoterápico e modelo psicoterapêutico associado ao fitoterápico (Internet). Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências. São Paulo, 2006. Disponível em : http://www.heloisafleury.com.br/hjf_tese.pdf

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