quinta-feira, 22 de março de 2012

A Nova Resposta Sexual Feminina baseada no “modelo circular” e a clínica da sexologia


Dra Jaqueline Brendler. Presidente da SBRASH.Advisory Committe of WAS.






Apenas os princípios, de maior interesse para a clínica sexológica, encontram-se aqui, do novo e amplo modelo de resposta sexual, cujas publicações iniciaram no ano 2009, por Rosemary Basson, modelo esse que ficou conhecido como “circular”.
Como se desencadeia a reposta sexual, da maioria das mulheres, em relações duradouras? Para Rosemary Basson que propôs esse modelo alternativo, a excitação sexual ocorrem simultaneamente, depois que a mulher delibramente escolhe experenciar estimulação sexual, esta escolha é baseada em necessidades, do tipo ganhos e recompensas (intimidade emocional, compromisso, tolerência às inperfeições do relacionamento, bem estar do parceiro, dividir prazer físico com o parceiro) mais do que desejo para experenciar excitação física e liberação orgásmica. Qualquer um desses futuros ganhos podem ser uma força motivacional isolada, como também pode ser acompanhada de física necessidade ou apetite sexual espontâneo, integrando assim, desejo sexual responsivo e “espontâneo” (desencadeado por pensamentos, fantasias, apetite sexual consciente), embora esse último isoladamente. Basson diz ser típico de homens e mais raro em relacionamento de longo prazo em mulheres. Menciona que prazerosa experiência física é necessária para que esta sugerida motivação não sexual continur a longo prazo.
Então, a mulher numa situação de neutralidade sexual, visando obter um conjunto de recompensas que aumentam a intimidade emocional com o parceiro, procura estímulos/sinais sexuais, entra numa experiência erótica/sexual, sente excitação psicológica e desejo sexual o que provoca excitação física sexual. O desejo sexual, assim desencadeado, coincide ou é posterior à excitação sexual, e juntos levam a emocional e física satisfação. Ela propõe que sempre que esta satisfação. Ela propõe que sempre que esta satisfação acontecer aumentará a intimidade. Cita 4 subtipos de mulheres com Desordem de Desejo Sexual Hipoativo (HSDD).
E sabido que a excitação sexual tem componentes subjetivo e físico e não genitais (tensão muscular, tarquicardia, tauquipnéia etc) e genitais. Basson diz que o conceito da excitação sexual implica numa mente que está despertada sexualmente e que tem registrado o estímulo sexual. Uma vez que ele, o estímulo, é reconhecido como “sexual” facilitará ocorrer vaso congestão genital, na mulher saudável. O próprio estímulo sexual, na mulher, é julgado, como também o seu contexto, permitido, principalmente, a axcitação subjetiva. Segundo a autora, e excitação sexual, na mulher, é muito mais excitação mental, da apreciação do estímulo sexual como um todo, e menos da escitação consciente das mudanças genitais. A lubrificação vaginal que tem sido considerada o marcador genital da excitação, segundo Basson, nem sempre é facilmente perceptível, mesmo quando acontece.  A percepção do ingurgitamento genital, como sexualmente excitante e intensifica a excitação subjetiva. Ela menciona que é positivo e erótico, em mulheres saudáveis, a leitura e a interpretação da mente, sobre o estímulo, o contexto do estímulo e sobre as mudanças genitais. Descreve, assim, um feedback positivo, entre o corpo e a mente, em mulheres saudáveis, a leitura e a interpretação da mente, sobre o estímulo, o contexto do estímulo e sobre as mudanças genitais. Descreve assim, um feedback positivo, entre o corpo e a mente, em mulheres saudáveis quanto à excitação sexual.
Ela sugere que muitas mulheres descrevam uma variedade de curvas e liberação com e sem orgasmo, durante a resposta sexual, diferente da clássica curva proposta por Masters/Johnson/Kaplan. Tece comentários também sobre vaginismo e dispareunia.
Cita exemplos de vários ciclos dinamicamente, momento a momentos, acontecem na mente cérebro e o corpo/resposta somática durante o exercício da sexualidade feminina, a fim de desfazer a dualística classificação da etiologia dos problemas sexuais como sendo “psicológicos” ou “físicos”. A maioria desses feedbacks já eram conhecidos pelos estudiosos do assuntos, contudo foram agrupados, pela autora, em vários sistemas visuais facilitando o entendimento da sua integração, seus efeitos positivos, promovendo uma boa resposta sexual e os negativos dificultando ou impedindo o exercício pleno da sexualidade.
O que mais diferencia a proposta de Basson do modelo tradicional é que, no último, a reposta de uma mulher saudável inicia-se no desejo sexual, é seguida da excitação sexual, orgasmo e resolução. No modelo circular, a resposta feminina é desencadeada pela possibilidade do ganho não sexual aumentar a intimidade emocional como o parceiro, o que , a faz procurar deliberadamente estímulos/sinais sexuais. Outro marcante ponto é que, no modelo de Basson, o desejo sexual coincide ou é posterior a excitação sexual subjetiva, pois a mulher começa a experiência sexual da situação de “neutralidade sexual”.
Apesar do novo modelo de Basson possibilitar incorporar “o desejo espontâneo”, ele principalmente descrece o desejo como um ciclo reponsivo, relatando a motivação sexual baseado na intimidade, o que facilita aos sexólogos o entendimento dessa via acessada por muitas mulheres com funcionamento sexual saudável. Essa nova visão modificará os tratamentos e ele cita situações de HSDD e DES nas quais novas drogas não funcionariam.


Referência de leitura recomendadas:

·                    Basson, R . The female sexual response: a different model.. J Sex Marital Ther.26 ( 1) : 51-66, 2000.
·                    Basson, R. Human Sex-responses cycles. R. Basson. J Sex Marital Ther.27 ( 1) , 33-44, 2001.
·                    Basson, R . Are the complexities of Women's sexual function reflected in the new consensus definitions of dysfunction ?. J Sex Marital Ther, 27( 2) : 105-112, 2001.
·                    Basson, R . A model of Women's sexual arousal. J Sex Marital Ther, 28 (1) : 1-10, 2002.
·                    Both, S; Everaerd W( ?) . Commnet on " the female sexual response: a different model " J Sex Marital Ther, 28 ( 1 ) : 11-17, 2002.
·                    Basson, R .Women's sexual Desire- Disordered or Misunderstood ? J Sex Marital Ther, 28, suppl 1: 17-28, 2002.
·                    Basson, R .Are our definitions of women's Desire, arousal, and sexual pain disorders too broad and our definition of Orgasmic disorder too narrow ? J Sex Marital Ther, 28( 4): 289-300, 2002.
·                    Anais do X Congresso Brasileiro de Sexualidade Humana, de 15 a 17 de Setembro de 2005, Porto Alegre, Brasil, páginas 55 e 56.

Fonte:

Acessado em 11 de março de 2012.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Distúrbios da Ejaculação

Os distúrbios da ejaculação são diferentes dos distúrbios do orgasmo. Pode existir orgasmo sem ejaculação e ejaculação sem orgasmo. Embora, usualmente, a ejaculação se acompanha de alguma sensação de prazer, pode haver completa dissociação dos dois fenômenos. Eles possuem etiologia distintas e mecanismos determinantes diferentes. A ejaculação é um fenômeno neuromuscular caracterizado pela progressão de sêmen e seu expulsão pelo meato uretral.
Dada a confusão existente  na literatura, distinguiremos os diferentes quadros de distúrbios sexuais ligados à ejaculação:
  • Ejaculação retrógrada;
  • Ejaculação astênica;
  • Ejaculação dolorosa;
  • Ejaculação reflexa;
  • Anejaculação;

A ejaculação retrógrada é aquela em que o ejaculado, em vez de seguir o trajeto normal anterógrado, passa total ou parcialmente por incompetência do colo vesical, para a bexiga urinária, sendo possível encontrar espermatozóides na urina.
Esse tipo de ejaculação pode ser determinado por lesões cirúrgicas do sistema nervoso autônomo (prostatectomias, linfadenectomia retroperioneal, simpatectomias, intervenções vasculares aorto-ilíacas, transecção da medula), traumatismo do colo vesical (em geral por acidente de motocicleta), esclerose múltipla, diabetes e alcoolismo crônico, que lesam ou degeneram a intervenção simpática que controla o esfíncter interno da bexiga. Vale também assinalar como causas orgânicas medicamentos que podem induzir a ejaculação retrógrada por ação simpatolítica (anti-hipertensivos e psicotrópicos do tipo fenotiazinas e butirofenonas). Também não se deve descartar a importância das variáveis psicológicas na etiologia da ejaculação retrógrada.
O diagnóstico se faz pelo exame de urina (centrifugação e visualização de espermatozóides).
Deve-se fazer o diagnóstico diferencial da ejaculação retrógrada com a ejaculação bloqueada ou anejaculação.
A ejaculação astênica se produz lentamente, sem a presença de jatos ejaculatórios, de modo que o esperma flui sem forças, pelo meato urinário. Trata-se de um problema que afeta as musculaturas bulbo e isquiocavernosas. Em geral, ocorre em pacientes paraplégicos com lesões medulares abaixo da L1.
Na ejaculação dolorosa há fenômenos dolorosos. Quando a dor é pré-ejaculatória, há de se pensar em espasmos prostático. A dor ejaculatória possui geralmente causa infecciosa (prostatite, veisiculites, uretrite), o que torna obrigatório estudo bacteriológico do sêmen. Também pode decorrer de estenoses uretrais pós infecciosas ou iatrogênicas (sondagem ou endoscopia). Quando o fenômeno doloroso acontece depois da ejaculação, embora possa ser causado por um espasmo de esfíncter anal ou do períneo, há de se pensar em etiologia psicogênica.
A ejaculação reflexa se produz em indivíduos com lesão medular, e em geral, atinge pacientes paraplégicos com lesões medulares acima da L1.
A anejaculação ou incapacidade ejaculatória é a impossibilidade de ejacular.
Embora possa ter causalidade psicológica (bloqueios por educação extremamente repressiva ou por experiências repressivas ou por experiências traumáticas de muita gravidade), a anejaculação amiúde tem causa orgânica.
A anejaculação pode decorrer da ausência absoluta do ejaculado, seja por falta de produção de esperma ou por obstrução das vias espermáticas, como nas malformações ou lesões anatômicas do aparelho geniturinário (por exemplo, ausência de condutos deferentes).
Na ausência de substrato orgânico, é provável que anejaculação constitua o quadro mais raro das disfunções sexuais. Não se trata de mero bloqueio situacional, como a ejaculação bloqueada, mas de total incapacidade de ejacular, seja no coito ou no ato masturbatório.

Fonte:

Cavalcanti R, Cavalcanti M, Rodrigues Jr. OM, Zeglio C. Tratamento clínico das Inadequações sexuais. 3.ed. São Paulo: Roca, 2006. 234-235.