Também chamado
como transtorno orgásmico feminino, é definido como a inibição recorrente ou
persistente do orgasmo feminino, manifestada pelo atraso recorrente ou ausência
de orgasmo após fase normal de excitação sexual, que o clínico considera como
sendo foco, intensidade e duração adequada. O transtorno diz respeito à
incapacidade da mulher atingir o orgasmo pela masturbação ou coito. As mulheres
que conseguem atingir o orgasmo com um desses métodos não são necessariamente
classificadas como anorgásmica1.
O orgasmo tem
um significado biológico e psicológico. Nos homens e nas mulheres, o
significado está ligado à sensação de prazer e ao relacionamento subsequente,
com maior ou menor intensidade, à relação estabelecida com a parceira. O
significado biológico é diferenciado entre homens e mulheres. Enquanto nos
primeiros, o orgasmo se associa frequentemente à ejaculação, nas mulheres ainda
não se conhecem nenhuma correlação biológica do orgasmo2.
Em termos
psicodinâmicos, as causas da disfunção orgásmica podem ser entendidas2:
·
Falta de técnica do parceiro, associada à
sentimentos de culpa em relação ao sexo, por parte da mulher;
·
Deficiência feminina em assumir um “papel
erótico”, ou seja, evidenciar sua sexualidade, sensualidade;
·
Temor à satisfação plena;
·
Não resolução da evidência da “perda do pênis”;
·
Traumas sexuais (abuso, defloração dolorosa);
·
Situações existenciais (falta de atração,
fadiga, conflitos conjugais, depressão, coito interrompido, etc).
As técnicas
gerais (de preparação) para o tratamento da anorgasmia feminina são3:
Relaxamento: são apresentados exercícios para
que a mulher aprenda diferentes maneiras de relaxar, de melhorar sua percepção
corporal e de identificar estados e pontos de tensão muscular que podem
desfavorecer o desempenho sexual.
Auto-erotização:
é um exercício feito principalmente no momento do banho, no qual a mulher
explora o próprio corpo (neste momento, sem incluir os genitais) e se permite
reconhecer as regiões erógenas e o prazer sensorial, visando o bem-estar e o
relaxamento.
Biblioterapia: são indicadas leituras diárias, em
livros e textos sérios e de qualidade sobre sexualidade e orgasmo feminino para
que a mulher se aproxime do assunto e adquira conhecimentos importantes para
corrigir possíveis distorções cognitivas e também para facilitar a execução dos
exercícios sexuais.
Técnicas de auto-conhecimento corporal: com o auxílio de um espelho, a mulher
se olha (primeiramente de roupa e, num segundo momento, nua) procurando
observar com atenção as partes do corpo, perceber como se sente ao vê-las, o
que agrada, o que pensa sobre elas, etc. Tal técnica tem por objetivo facilitar
o processo de aprendizagem do comportamento orgásmico. Também é solicitado que,
após se observar, a mulher anote todas as sensações, sentimentos e percepções e
as leve para a próxima sessão de terapia sexual, a fim de que esses afetos
sejam trabalhados com o auxílio do terapeuta sexual.
Após a
execução desses exercícios preparatórios, o terapeuta pode propor técnicas mais
específicas para a dificuldade em questão, como:
Foco ou focalização
sensorial: exercício proposto ao casal e que consiste de duas partes.
Na primeira, cada um faz massagem no corpo todo do outro (sem incluir os
genitais e os seios), iniciando pelas costas e depois partindo para
frente. A segunda parte dessa prática, inclui a primeira e termina com
carícias nos genitais, sem exigência da penetração. Este exercício permite o
desenvolvimento de intimidade, comunicação verbal e não-verbal entre o casal.
Masturbação:
consiste em a mulher explorar manualmente seus genitais, buscando se concentrar
nas regiões mais excitantes e prazerosas. Desta forma, ela adquire
auto-conhecimento e aprende formas de obter orgasmo.
Manobra
de ponte: para mulheres que já sabem obter o orgasmo através da
manipulação clitoridiana, este exercício consiste em a mulher ir experimentando
o orgasmo clitoridiano com o pênis introduzido. Em uma posição que seja
possível a penetração e também a estimulação do clitóris, no momento em que a
mulher estiver experimentando o orgasmo via clitoridiana, o pênis deve ser
introduzido. Posteriormente, a estimulação manual do
clitóris vai sendo interrompida cada vez mais cedo e a penetração é mantida,
até o ponto em que o orgasmo ocorra sem a manipulação e somente com a
penetração.
Psicoterapia:
um tratamento, um bom recurso para o ser humano aprender a lhe dar com seu
sofrimento e com questões que afligem naquele momento.
Referências:
1. Kaplan HI,
Sadoch BJ, Grebb JA.Compêndido
da Psiquiatria. 7ed. São Paulo: Artemed; 1977.
2. Abdo CHN,
organizadores. Sexualidade humana e
seus transtornos. 2.ed. ver e ampl. São Paulo: Lemos Editorial; 2001.