Definições
Para Masters e Johnson (1979), ejaculador precoce é o indivíduo que não contenta a parceira, em pelo menos 50% das relações sexuais. Os autores, entretanto, não especificam o número das relações sobre o qual fixam este limite.
Kaplan (1974), ao estudar as várias definições de ejaculação prematura, encontra um critério comum o número de incursões penianas e o tempo decorrido, após a penetração, até o reflexo ejaculatório estão intimamente relacionados. Esta autora utiliza, apenas recursos da reflexologia, para definir a disfunção erétil como “falha ao reflexo erétil”. Essa definição ignora questões biológicas e sociais, sem dúvida implicadas na origem do distúrbio.
A CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE DOENCAS, décima revisão (CID-10), definiu “falha da resposta sexual” (incluindo impotência) como “dificuldade em desenvolver ou manter uma ereção adequada para o intercurso satisfatório”, desde que excluídas patologias orgânicas (OMS, 1993, p.189).
De acordo com esse critério diagnóstico, ejaculação precoce, representa a “incapacidade de controlar ejaculação o suficiente para ambos os parceiros gozarem a interação sexual” (OMS, 1993, p.190). Para a adequada definição do termo, exige-se exclusão da etiologia orgânica e ereção retardada.
Nestas duas últimas definições, percebe-se a tentativa de inclusão do aspecto relacional. Entretanto, não é considerada a possibilidade, muito comum, da concomitância de disfunção sexual da parceira, o que configuraria uma complementariedade patológica (OLIVEIRA & ABDO, 1994).
Diversos autores, como (KAPLAN , 1974;MONEY & MUSAPH, 1977;BANCROFT, 1983;GREENWOOD, 1984; ZILBERGELD, 1980), ao relacionarem os possíveis fatores etiológicos, incluem, com freqüência, a ansiedade como associada, causadora e/ou mantenedora das disfunções sexuais. No entanto, a ansiedade (sintoma ou patologia) não é valorizada na definição desses transtornos.
Causas Imediatas
KAPLAN (1974), salienta os aspectos que se constituem em dificuldades imediatas no campo da sexualidade, como:
- Inabilidades do desempenho eficiente;
- Medo do fracasso acompanhado de extremo desejo de satisfazer o(a) parceiro(a);
- Tendência a racionalizar o prazer erótico (dificultando a entrega para prazer erótico (dificultando a entrega para o prazer sexual), comunicação precária do casal a respeito de preferências sexuais;
A inabilidade no desempenho sexual é resultado, geralmente, do desconhecimento de peculiaridades da resposta sexual, por exemplo: o homem, tendo sua competência de erotização diminuída pela idade, pode desenvolver disfunção erétil secundária pela ansiedade resultante de cobrança de resposta.
A obrigatoriedade de orgasmo simultâneo a que o casal se submete, por pressão cultural, pode, também, desencadear falha de ereção.
O medo do fracasso no sexo relaciona-se diretamente com a ansiedade.
De acordo com HARTMAN(1980), a disfunção sexual masculina pode ocorrer mais frequentemente quando a parceira é ativa e reivindicadora de prazer sexual.
Para KAPLAN(1974), a partir de um fracasso eventual não superado, pode-se configurar autêntica disfunção, em indivíduos vulneráveis orgânica ou emocionalmente.
Desviando a racionalização do prazer erótico, o indivíduo impede de desfrutar o ato sexual, tornando-se expectador de seu desempenho e sem entrega. Auto-observação e crítica ansiogênicas, podem, neste caso, resultar em disfunção erétil.
Tratamento
Tratar a disfunção sexual masculina significa mais que promover recuperação do controle e/ou da força de ereção. Representa, antes, recuperar e, às vezes até, desenvolver a auto-estima e o sentimento de competência para os diversos aspectos da atividade humana.
Os elementos indispensáveis para qualquer abordagem terapêutica são:
- Incentivar a comunicação dos parceiros e a manifestação mútua de suas necessidades sexuais específicas;
- Esclarecer o ciclo de resposta sexual e os aspectos ligados à função sexual;
- Estimular exercícios sexuais (entre uma consulta e outra).
No caso da disfunção erétil, os medicamentos administráveis por via oral recentemente lançados (sildenafil, fenolamina) têm se constituído em mais de um recurso contra a disfunção erétil. Agindo de forma incisiva e sem inconvenientes da administração injetável, auxiliam na aquisição de auto-confiança e encorajam a retomada da atividade sexual, sem a insegurança e o constrangimento das tentativas frustradas.
Observa-se que esse tipo de medicação só é útil quando existe o desejo, ou seja, quando a disfunção erétil decorre de alterações da excitação ou do orgasmo. A dose indicada é de 50 mg de sildenafil (Viagra®)ou 40 mg fentolamina (Vasomax®,Regitina®, Herivyl®) 40 a 60 minutos antes do ato sexual.
Para a ejaculação precoce, os efeitos colaterais dos antidepressivos(diminuição de libido e das secreções, contenção da ansiedade)auxiliam no retardo da ejaculação.
Fonte:
Abdo CHN. Sexualidade Humana e seus Transtornos. 2ª ed rev amp. São Paulo: Lemos Editorial;79-89; 2001.
Para uma pesquisa mais profunda:
BANCROFT, J. Human Sexuality and its Problems. Edinburgh, Churchill Livingstone, 1983.
GREENWOOD, J. Coping with Sexual Relastionships. Edinburgh, Mc Donald, 1984.
HARTMAN, L.M. Relationship Factores and sexual Dysfunction. Canadian J. Psychiat., 25:560-3, 1980.
KAPLAN,H.S. A Nova Terapia do Sexo. 5ª ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1974.
MASTERS, W.H. & JOHNSON, V.E. A Incompetência Sexual. 3ª ed. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1979.
MONEY, J. &MUSAPH, H. The Handbook of Sexology. Amsterdam, London, New york, Excerpta Medica, 1977.
OLIVEIRA, S.R. & ABDO, C.H.N.Algumas Reflexões sobre a Importância do Casal na Gênese das Patologias Sexuais. Rev. Psiquiat. Clín., 21(1):15-18, 1994.
OMS. Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10. Descrições Clínicas e Diretrizes Diagnósticas. Trad. D. Caetano. Porto Alegre, Artes Médicas, 1993.
ZILBERGELD, B. Men and Sex. London, Fontana, 1980.