Modelo de Resposta Sexual – Masters e Johnson
Os estudos populacionais desses
pesquisadores revelaram que as mais diferentes práticas sexuais ocorriam entre
os americanos e envolviam, de forma ampla e irrestrita, os corpos de ambos os
parceiros, concentrando-se nos genitais somente para a finalização do ato. Uma
vez reconhecido a multiplicidade dessas manifestações sexuais, critérios foram
pouco a pouco sendo estabelecidos, de modo a definir o que seria patológico e o
que não, dando origem às primeiras classificações dos transtornos da
sexualidade1.
Em 1966 um casal de terapeutas
americanos, Masters e Johnson desenvolveram um modelo de resposta sexual
constituído por quatro fases: excitação, platô, orgasmo e resolução, que é
comum aos dois gêneros (feminino e masculino)2.
As quatro fases podem ser definidas
como2:
Primeira fase – Excitação
Esta fase é caracterizada pelo ímpeto
das sensações eróticas e pela obtenção de ereção no homem, e da lubrificação
vaginal, na mulher. As manifestações de tensão sexual incluem também uma reação
corporal generalizada da congestão dos vasos.
No homem, a fase de excitação
caracteriza-se pela ereção do pênis, o escroto se dilata, a bolsa escrotal
torna-se mais lisa e maior, os testículos começam a se elevar porque os cordões
espermáticos ficam mais curtos.
Na mulher, esta fase também é caracterizada
pela congestão dos vasos tanto genitais locais quanto da pele em geral e pela
resposta na pele das mulheres (rubor) é quase sempre mais pronunciada e, além
disto, durante a excitação, os seios começam a se intumescer, ficando os
mamilos eretos.
Segunda fase – Platô
A fase de platô de Masters e Johnson é
o estado mais avançado da excitação que ocorre antes do orgasmo. Durante o
platô, a resposta vaso congestiva local do órgão sexual primário se encontra no
auge, em ambos os sexos. No homem, o pênis está distendido e cheio de sangue
até o limite de sua capacidade. A ereção é firme e o falo está retesado até o
máximo do seu tamanho. Os testículos se tornam cinqüenta por cento maior do que
seu tamanho normal pois são ingurgitados com sangue.
As transformações fisiológicas que
ocorrem durante esta fase nas mulheres também podem ser atribuídas, em grande
medida, à vasocongestão. Esta vasocongestão local atinge, igualmente, os seus
limites extremos nesta fase e é a responsável pelas transformações mais
características que ocorrem os órgãos sexuais primários. Estas transformações
foram descritas por Masters e Johnson como intumescência e coloração dos lábios
menores, isto é, a “pele do sexo”, variando de vermelho vivo a bordô e a formação
de uma placa espessa de tecido congestionado circundando a entrada e a parte
inferior pela vagina, fenômeno que Masters e Johnson se referem como
“plataforma orgásmica”.
Terceira fase – Orgasmo
Durante o orgasmo que é considerado o
prazer mais intenso das sensações sexuais, no homem o sêmem jorra do pênis
ereto, em três a sete ejaculações, a intervalos de 0,8 de segundo. Masters e
Johnson descreveram os componentes duais do orgasmo masculino: o primeiro
consiste nas contrações dos órgãos internos e assinala uma sensação de
“inevitabilidade ejaculatória”. As contrações rítmicas da uretra do pênis, dos
músculos da raiz do falo e dos músculos perineais, que se seguem imediatamente
após, constituem o segundo componente e são experimentadas como o próprio
orgasmo. Depois do orgasmo, o homem é refratário á excitação sexual; mas
especificamente um certo espaço de tempo – o período refratário deve
transcorrer antes que ele possa ejacular novamente.
Independente da maneira de excitação, o orgasmo
feminino consiste também sempre em 0,8 segundos de contrações rítmicas reflexas
dos músculos circunvaginais, do períneo e dos tecidos inflamados da “plataforma
orgásmica”. A mulher nunca é fisicamente refratária ao orgasmo; se ela não
tiver inibição, segundo após ela ter conseguido o orgasmo e enquanto ainda está
em fase do platô, pode ser de novo excitada para o outro, sucessivamente, até
que esteja fisicamente exausta e não queira mais ser estimulada.
Quarta fase – Resolução
Durante a resolução, que é a fase
final do ciclo de resposta sexual, as respostas fisiológicas locais
especificamente sexuais cessam e todo o corpo volta ao seu estado normal. As
respostas somáticas generalizadas aos estímulos sexuais diminuem rapidamente.
As pulsações, a pressão arterial, a respiração, a vascularidade da pele que
aumentaram de intensidade em virtude do esforço para o coito, voltam ao estado
normal minutos após o orgasmo.
No homem os testículos se detumescem e
descem imediatamente à posição habitual, enquanto o pênis volta, vagarosamente
ao estado flácido urinário. Com exceção dos que são muito jovens e que após uma
ejaculação podem ejacular uma segunda vez, sem perder a ereção, o pênis se
detumesce em dois períodos; no primeiro logo após o orgasmo, o pênis é reduzido
a aproximadamente metade do seu tamanho quando no auge da ereção, talvez porque os corpos cavernosos se
esvaziam de sangue; e dentro de meia hora, depois que o corpo esponjoso e a
glande, que respondem mais lentamente, também se esvaziaram, o aumento no
tamanho diminui por completo. Nos homens de mais idade, a involução do pênis
após o coito se faz mais rapidamente, quase sempre dentro de minutos.
Na mulher, o clitóris volta à posição
normal dentro de 5
a 10 segundos
após o orgasmo. Há rapidamente detumescência da plataforma orgásmica. Masters e
Johnson declaram que podem decorrer de 10
a 15
minutos para a vagina volte ao seu descorado estado de repouso e de
relaxamento. O osso cervical continua a “bocejar” durante 20
a 30
minutos depois do orgasmo e durante este tempo o útero já completou o descenso
à bacia e o colo do útero também desce a bacia seminal. A “pele do sexo” dos
lábios menores perde a coloração intensa dentro de 10
a 15
segundo depois da contração orgásmica, presumivelmente enquanto o sangue vai-se
escoando da área genital.
Na grande maioria dos homens estudados
por Masters e Johnson ocorreram variação de um padrão previsível. Em contra
partida, esses pesquisadores encontraram variação muito maior entre as mulheres
com relação a experiência sexual. Em algumas, a seqüência das fases foi
semelhante ao observado nos homens já em outras, houve um discreto orgasmo e em
outras, orgasmos múltiplos durante uma relação sexual3.
A
fase de desejo (definindo este como um interesse na atividade sexual que
antecede a real excitação sexual) só
foi descrita por Helen Singer Kaplan em 1977, corresponderia
à vontade de estabelecer uma relação sexual, a partir de algum estímulo
sensorial (audição, visão, olfato etc.), assim como pela memória de vivências
eróticas e de fantasias. O novo esquema considerava o ciclo de resposta sexual,
então, composto pelas fases de desejo, excitação, orgasmo e resolução3,4,5.
Referências:
1. Abdo CHN, Fleury HJ. Aspectos diagnósticos
das disfunções sexuais femininas. 2006;33,3;
162-167.
2. Kaplan HS. A Nova Terapia do
Sexo. Tradução de Osvaldo Barreto e Silva. Rio de Janeiro: Nova Fronteira;
1977.
3. Meston C.M. et al. Women’s orgasm.
2004:15;173-257.
4. Abdo CHN. Sexualidade humana e
seus transtornos. 2a.ed. São Paulo: Lemos; 2000. p.31-2.
5.
Verit FF, Yeni E, Kafali H. Progress in female sexual dysfunction. Urol
Int. 2006; 6(1):1-10.